E lá se vão 6
ou mais anos. Eu sempre me perco na conta do quanto o tempo passou.
Mas vamos lá,
contar uma estória tem sempre 3 versões. A sua, a minha e que de fato
aconteceu.
Era uma vez
uma menina que acabava de sair de um namoro que lhe rendeu alguns
aborrecimentos com o ‘mundo’, afinal, era adolescente e vivia tudo em sua vida
com extrema empolgação.
Como de
costume, no carnaval do ano seguinte (a todos os aborrecimentos) , foi
convidada para acampar com os amigos. Era chegada a hora de rever os amigos de
outras cidades, de ter um tempo em paz com seus pensamentos e com Deus.
Chegando lá, todas as histórias que ainda a magoavam lhe causaram diversas
dores físicas. O que confortava?! As amigas, com ideias em comum ou nada em
comum. O famoso “ quarto das ex´s”.
Em uma dessas
noites em que passará mal, um jovem de uma cidade vizinha, no qual ela tinha
muita simpatia, ofereceu um “ombro
amigo”. Deu vida ao seu sapo de pelúcia e contou histórias sem pé nem cabeça
para arrancar o sorriso e a febre. Conseguiu!
Dois jovens,
uma que acabava de sarar uma ferida e outro tão disposto a fazê-la sorrir. Foi
assim por alguns dias, a amizade estreitou laços. Era inevitável não ficar
perto com tanto assunto em comum. A
menina, ainda sentia que aquela amizade lhe fazia bem, mas sentia que não tinha
tanta alegria para devolver em troca ao amigo.
O grupo
retornou de viagem, e em uma noite próxima eles trocaram bilhetinhos de
amizade. O menino ainda com ar de garoto, decidiu oferecer companhia para levar
a amiga em casa. No caminho, conversaram sobre todas as afinidades. Em um impulso de alguém jovem, o garoto pede a
menina em namoro. Os dois se olharam. Na cabeça dela passavam-se mil coisas inclusive
a possibilidade de magoar alguém tão legal. Ele olhava pra ela aguardando uma
resposta, e ela subindo no meio fio (para ficar da sua altura) aceitou com um
beijo.
Como todo
casal de recém-namorados, passaram por todas as situações juntos. Conhecer
famílias, passeios, “gosto disso ou daquilo”. Muitas atitudes certas, outras
tanta equivocadas e o namoro prosseguiu por alguns anos. A cumplicidade dos
dois como amigos era tão grande que ela o ajudou a acabar o Ensino Médio que
outrora ele postergou. Afinal, a disciplina era de Artes a que ela mais amava.
Ele a apoiou no vestibular esteve na torcida e na colaboração pra que o sonho
de se formar fosse real. Ela, o fez descobrir o profissional técnico e todas as
suas vantagens, o ajudou com trabalhos, e primeiro estágio... Mesmo com brigas
e possíveis términos, a amizade e o respeito pelo outro era grande. Até o dia
em que a falta do respeito, surgiu. Deu lugar aos ciúmes desmedido, promessas e
uma traição extremamente marcante. Afinal, ela era sua ‘amiga-cristã’. As
brigas se intensificaram e respeito foi desaparecendo... Tentaram diversas
vezes se acertar, mas por serem geniosos não queriam dar o braço a torcer que o
relacionamento havia acabado. Meses se
passaram entre inda e vindas e discursões, e o namoro supostamente escondido
(de quem?), realmente acabou. Pareciam mais maduros, e certos de que estavam
causando sofrimento a eles mesmo e as famílias. A amizade? Por um tempo, teve
que se criar um espaço para cada um criar sua vida sem o outro, afinal, muitos
amigos em comum, muitas histórias juntos, o mundo parecia tecer uma ‘teia’
entre eles sobre todos os assuntos. Romper? Talvez não. Apenas um tempo para
separar as coisas.
E assim foi.
Ele se formou, e a convidou para formatura como sinal de reconhecimento. Ela
formou, e o convidou como forma de agradecimento a toda ajuda. E o respeito
voltou a aparecer.
Em agosto de
2009, no mesmo mês de sua formatura, ela decide ir para outra cidade. Quem a
conhece sabe bem que o desejo de mudança sempre foi latente naquele coração de
bailarina. Ela ensaiara uns anos antes indo morar no interior, e agora sairia
do estado. Com a benção da família e com todas as incertezas na cabeça ela muda
de cidade, e despede de todos em sua formatura.
E os dois? Ele
é enviado a trabalho para outro estado, ainda mantém contato com ela voltaram à
velha amizade, os tempos que falavam do dia, das alegrias das dificuldades...
Ele retornou para a cidade dele, e ela permaneceu em outro estado. Em pouco
menos de 3 meses ela retorna a cidade natal para uma apresentação de dança, no
qual ela conseguiu retornar a pratica depois de vários problemas, e ele aparece
com alguns da sua família. Ela se sente confortadas pela presença dele e de
todos os outros amigos.
Passado o
encontro, a amizade estremece por motivos nunca explicados por ele. A mãe da
menina, agora mais madura, aconselha a deixa-lo de lado, pois ‘se fosse seu
amigo de verdade lhe diria o que ela teria feito de tão grave, e se acertariam,
afinal amizade tem altos e baixos e é baseada em compreensão’. Dalí para frente
tudo entre os dois muda.
Não há afeto,
não há amizade, nem compreensão. Somente a proposta dele de quando em contato
um com outro, seriam apenas dois estranhos. Ela segue o determinado por ele,
inclusive em eventos de família... No começo ela entristeceu. Mas manteve com
ela todas as atrapalhadas que os dois, ainda meninos, se meteram e todas as
alegrias inclusive brigas. E viu que era hora de seguir em frente. Deixava um
capítulo da história inacabado por falta de comunicação, mas finalizado para
seguir em frente. Dalí em diante não haveria espaço para recaídas, para falsas
esperanças nem possibilidades. Passou a desejar que o melhor estivesse por vir
na vida dele inclusive na sua, e não sobrou mágoa nem afeto, apenas carinho por
todas as recordações.
Alguns anos se
passaram, ela segue a vida, ele também. Muitos ao redor não compreendem como
duas pessoas que viveram intensamente uma amizade, hoje, não mantêm nem se quer
contato. Não se cumprimentam nem por educação. Alguns, enganados com os
“achismos” e julgamentos, o fazem lembrar-se da existência dela sempre que
possível, enquanto ele mesmo não o faz. Ela, como sempre foi comunicativa,
mantem contato com as “teias” os laços de amizades, afinal, foram anos juntos,
foram momentos construídos com todos. Não criando relação com o passado ou a
ideia de querer reviver tudo de novo, e sim de um passado vivido cheio de situações
inusitadas e obvio com lembranças. Afinal, como muitas outras histórias, ela
aconteceu com duas pessoas ainda jovens que hoje adultas entendem que não
haveria como continuar a diante. Cada um seguiu a vida no seu ritmo, compasso,
e contratempos...
Na música da
vida, as notas com sentimentos valores diferentes se atraem, mas descobrem que
o descompasso não os fará a virar música. Assim, cada uma vai a busca de um
novo som, uma nota que vibre no mesmo ‘tom’.
“Quem conta um conto, aumenta um
ponto. “ Será?
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