quinta-feira, setembro 01, 2011

Alma e coração


Ah se meus pés falassem, agradeceria cada bolha, cada calo e cada esparadrapo grudado. Riria comigo das vezes que ele por cansaço não obedeceu me levando ao chão e que por muitas vezes por força me levou a grandes saltos.  Fez de mim uma bailarina que por muitos anos dedicou a vida e abdicou de uma infância comum pra ser feliz dançando.
Quantas e quantas vezes não andei de patins nem de carinho de rolimã por que o festival se aproximava e lesionar seria um erro, esfolar então, uma catástrofe.
Aprendi desde os quatro anos que dançar era mais do que gostar das músicas clássicas que ouvia e ficar quase japa com os cabelos todo puxado para os coques impecáveis. Era disciplina, era treinar, era ser chata com contagem de tempo e ainda assim colocar as coleguinhas no lugar (sim sou antipática e detalhista desde criança). Aprendi novinha com uma professora carinhosa.  Depois de anos, depois de muitos professores extremamente qualificados e dedicados, larguei tudo!
Ser bailarina é estado de espírito, é pensar em passos quando anda, quando toma banho e principalmente quando houve uma boa música tocando.  Ser bailarina é fazer cara de tudo bem quando o sapato aperta e o corpo boicota. É graciosidade acima de qualquer “sobrepeso”  é acima de tudo ser feliz por dançar.
Depois de cinco anos quase sem dançar o corpo enferruja, o pé, os joelhos doem, mas a alma sempre vai ser de bailarina. A vontade virou prática em Londrina reascendeu o foguinho de tentar mais uma vez.  Bom retorno alegria no coração e pessoas fazendo parte dessa alegria.
Enfim, uma coisa eu digo, se morrer posso não usar o Tutu (pronuncia-se "titi" ou too-too), e sapatilhas, mas terei comigo a alma e o coração de bailarina.

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