Num sol de meio dia estalado no céu, ela, a garota, entra
esbaforida no correio com uma caixinha nas mãos e pergunta:
- Moça esse trem voltou, e não colocaram na embalagem o
motivo, ó! - Erguendo a pequena caixa a atendente.
- AH! Você é a moça que enviou as correspondências para longe. Né?
- SIM! – respondeu ela com o olhar desconfiado.
-Você tinha feito doIs envios pelo correio, não? Por que só este retornou? – Disse a
atendente.
- Não sei. –
respondeu ela pensando se aquela agência de correio não tinha tanto movimento
assim pra que ela lembrasse tão bem dos seus envios.
- E a carta toda cheia de desenhos? Chegou no destino?
- Sim, como lembra do envelope da carta?
- Há muito tempo, não víamos envelopes desenhados a mão.
(Olhando para a atendente ao lado) Quem recebeu deve ter ficado feliz pelo
cuidado. Ficou?
- Não sei.
- Como não sabe?
- Ele ainda não abriu, não leu, não falou nada sobre.
- Meus Deus, como ele conseguiu não ser curioso?
- Acredito que não seja curioso, e já imagine o que escrevi.
- Vocês são amigos? Namorados? Parentes?
(pausa) Ela já estava pensando se respondia de verdade ou se
olhava com olhar de não é da sua conta... A garota sempre é chamada de “grossa”
pelos 'amigos'.
A atendente logo completou:
- Desculpa a indiscrição, mas são raras amizades, namoros ou
familiares mandarem carta fora de algumas épocas do ano. Aliás, mandar carta entrou em desuso.
As covinhas no rosto da garota logo apareceram, parecia ter
trazido a lembrança de algo bom, e respondeu.
- Vai me ver aqui muitas vezes ainda. Começou assim uma história
pra vida toda.
Antes que atendente continuasse a perguntar a garota
perguntou em quantos dias se
mandasse novamente a caixinha chegaria.
- Olha, moça , como comentei da outra vez damos o prazo de
sete dias utéis, como é longe, pode ser que demore mais. A carta chegou em
quantos dias?
- AH! Não sei direito, fiquei angustiada e perguntando como
criança se o correio tinha entregue. Mas, a resposta era sempre a
mesma, resolvi esperar. Quando finalmente chegou eu tinha parado de contar os
dias fazia um tempo. Acho que foram mais de 20 dias.
- Olha! Se a carta demorou tudo isso, acredito que a caixa
chegue em mais de 30 dias.
- HUMM! Melhor esperar então, depois envio. Obrigada!
A garota pensando que precisava sair dali antes que mais
perguntas surgissem, tratou logo de dar um - Até
breve.
A atendente sorriu e respondeu:
Volte sempre!
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